“Não estou discutindo.”
“É claro que está! E está me tirando a razão perante a classe.”
“Mas professora.”
“Mas nada! Já não é a primeira vez que você faz isso.”
“Faz o quê?”
“Isso.”
“Isso o quê?”
“Cala a boca e faça a prova! Você sabe muito bem que se eu quiser você estuda novamente esta matéria.”
“Ah! Quer dizer que eu reprovo é por matéria?”
“É, sim senhor.”
“E se eu não quiser estudar alguma matéria?”
“Quem foi que disse que você pode escolher algo aqui?”
“Ué... falaram que aqui se discutia.”
“Falaram!” – interrompe a professora.
“Eu vou ao banheiro e já volto.”
“Mas professora, você deixará a turma sozinha?, é uma prova.”
“Porra garoto! Você só fala besteira!”
O garoto explode.
“Muitos são.” - interrompe a professora.
“Muitos... grande coisa.“
“Acalme-se, caso contrário não conseguirá responder às questões.”
“Eu nem quero responder.”
“Se você não responder terei que reprová-lo.”
“Puta que pariu! Vai ser isso a vida inteira?”
”Isso o quê?”
“Você ainda pergunta, professora? Este autoritarismo.”
“Moleque malcriado. Seus pais não o educaram?”
“Sim professora, mas eles sempre tiveram que trabalhar durante o dia e às vezes à noite. Por isso eu sempre passei o dia inteiro na escola.”
“Me dá o seu teste! Você está reprovado! Ano que vem nos encontramos nesta sala.”
“Mas professora, pra que você me quer aqui como aluno de novo?”
“Para servir de exemplo aos outros. Anda logo, me dá o seu teste.“
O aluno entrega o teste e sai de sala pensando como será o próximo ano.
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Foi deste texto que tudo começou.
Me lembra muito a escola pública, como são tratados os alunos que "ousam" questionar... E claro, como diz o Paulo Freire, o adjuvante no conhecimento é o aluno, se o conhecimento for dado separadamente de um entendimento de pq se estuda, não vale nada...
ResponderExcluirAbraços!